sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

As palavras e as coisas

Sair e começar caminhar
passar a diante por pessoas que não conheço e tentar imaginar o que se passa em todas as cabeças. O mundo a minha volta e tudo que ele oferece. Corre-corre, luzes, calor, vozes, tudo a minha volta como sendo desconhecido e ao mesmo tempo sufocante. Vivemos nas disparidades, olhamos rostos sofridos e alegres, caras tristes e felizes, enfim, a vida passando a nossa frente.
Sentir é perceber, é ir além desse mero aparentar. O que realmente estamos a procurar olhando para fora de nós mesmos? Em contra partida, olhar dentro é encontrar o eu, é ir além das experiencias sensoriais e mergulhar profundamente em uma experiencia psíquica, espiritual. Precisamos a todo momento estar consciente de que a existência não é mera obra do acaso, e até mesmo que esse acaso é produto de nossa imaginação. Vivemos em emaranhados de pensamentos e realidades que parece que a vida está sempre no “piloto automático”, que tudo já foi meticulosamente pesado e medido. E não é assim, somos seres em plena construção, em pleno estado de devir.
Temos uma força que, muitas vezes, somos desconhecedores dela. Acabamos sendo moldados por aqueles que constroem as fôrmas para fazerem escravos e marionetes. Que ditam o comando das vidas, das modas, dos mundos, das ilusões e de tudo. Quanta falta nos faz termos uma geração de leitores pensantes, de homens e mulheres que não se conformam com o aparente e que estão dispostos a romper com toda forma fechada de pensamento, com toda forma de escravidão e “formação”. Que até são chamados de “alternativos” como forma pejorativa de nomenclatura, como numa tentativa de inferiorizar toda e qualquer forma de crítica e autocritica. Parecendo que querem que sejamos “bobo da corte”. No entanto, é preciso ler, é preciso denunciar, e é preciso mais ainda viver.
Continuando minha caminhada, passo por uma rua e vejo alguém no chão. Estaria dormindo? É um morador de rua? Tem história? Quem é? E me passa uma séria de coisas pela cabeça, inclusive, que poderia ser eu ali. Interessante que sempre carrego esse sentimento comigo. Poderia ser eu. E como seria se fosse eu? Acredito que é preciso ter essa capacidade de se colocar no lugar do outro. Fazer essa experiência é sentir a vida. Os que não fazem isso são “monstros” egocêntricos. Grande parte dos políticos são assim.

5 comentários:

  1. Como seria mais humano se alguns de nós pudéssemos nos colocar no lugar do outro, não só dos que sofrem por qualquer motivo, mas no lugar dos que estão ao nosso lado, no trabalho, em casa, em qualquer momento da nossa vida. Mas creio que isso é algo que só pessoas com um coração bom fazer, como o nosso mundo seria mais agradável de se viver.

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  2. Se colocar no lugar do outro é uma coisa difícil de fazer no mundo em que vivemos hoje, e o mais difícil ainda é parar para pensar que o mundo em que vivemos hoje foi construído por nós mesmos e pelos outros aos quais nunca nos colocamos em seus lugares, o fato é que em certo momento da vida achamos que o mundo precisava ser consertado, e nessa tentativa nós o transformamos nisto que temos hoje, então acho que o que estamos precisando é entender que nós o desconcertamos e que talvez o caminho para concertá-lo de verdade seja este, nos colocando no lugar do outro, pois perdemos esta sensibilidade e o que é pior é que além de perdê-la estamos disseminando-a, então a partir do momento em que retomarmos a sensibilidade, compreenderemos que somos seres humanos e não máquinas , entenderemos que a tecnologia deve ser usada como auxílio em nossa vida e não como essência, pois a essência de nossa vida é Deus, enfim, quando isto for claramente compreendido pelos seres humanos, aí sim poderemos voltar a dizer que a juventude é o futuro da humanidade, caso contrário não teremos um futuro para celebrar, por isso é extremamente necessário que acreditemos nisto e nos apeguemos a esta esperança, porque só assim poderemos voltar a ser a cada dia mais humanos.

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  3. GRAÇA E PAZ! A Igreja, principalmente, os Padres do Deserto, nos ensina que existem dois tipos de relações. A vertical e a horizontal. Como bom entendedor que vc é. A Vertical é a nossa com o divino. A horizontal é a que vivenciamos no dia-dia, com nossos irmãos. Só poderemos experimentar a vertical, em sua expressão maior, se vivermos em conexão profunda com a horizontal. Sua preocupação reflete este tipo de experiência. Porque so podemos nos preocupar com o próximo quando deixamos DEUS viver profundamente em nossa vida. Se DEUS vive em mim, precisamente desejo que o próximo também viva. DEUS TE ABENÇOE.

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  4. Todos com sua história de vida, sua "cruz" para levar. O mundo com certeza mais egoísta, o mundo não, nós, seres humanos mesmo. É por isso que chegamos ao caos que estamos hoje, pai matando filho, filho matando pai, e por quê? Por causa de dinheiro!! Dinheiro é o grande ditador do mundo, um pedaço de papel que vale vidas. Só podemos entender o outro lado da moeda, quando passamos por tal situação ou paramos para entender pq o sujeito se encontra naquele estado, fácil é falar, difícil é FAZER. Esse mundo em que vivemos só Deus tem misericórdia, pois não tem mais jeito, só nos resta viver de acordo com nossos preceitos, fazendo o bem sem olhar a quem, e tentar viver em paz.

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  5. Penso que todos temos um pouco de altruístas e de egoístas, o problema é que a maioria das pessoas têm mais forças para destilar o egoísmo, porque o "fazer-o-bem" é difícil de se concretizar.
    Como seria se você fosse a pessoa dormindo no chão? Bem, talvez uma pessoa parasse, olhasse, e se fizesse a mesma pergunta: E se fosse eu?
    Acredito que no mundo todos temos funções diferentes: Uns pensam, outros nos fazem pensar.

    Gostei do blog, professor. Visite o meu quando puder, sei que o senhor gosta de literatura:

    http://parnasoemfuria.blogspot.com/

    PS.: Fui seu aluno no Augusto e hoje curso Letras na UFPB! Abraços, bom texto!

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