quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Um pensamento agosto




Existir é de fato um grande desafio. Seja ele para nós mesmos, aceitar nossos limites, reconhecer nossa finitude superar conflitos. Quando tomamos consciência do que está a nossa volta acabamos experimentando um sentimento de alegria e ao mesmo tempo angústia. Aquilo que Kierkegaard chamava de desespero humano. Um sentimento de vazio onde tudo a nossa volta perde o sentido, onde nenhuma cor tem brilho e as pessoas conversam a nossa volta e nada faz sentido; onde o existir passa ser um pesar.
A grande aventura humana é de fato o conhecer a si mesmo. Pondé com o seu pessimismo me inspira a desesperança.  A de fato acreditar que não há um possível amanhã melhor e que, todos nós apenas representamos papéis e fingimos acreditar em dias melhores. Onde no fundo, o que cada um quer são o seu prazer e sua realização, lembro sua idéia do politicamente correto, que de fato eu não sou. Mesmo não sendo tão radical quando Pondé. Contudo o meu desencantamento é nítido: não acredito na gratuidade das coisas faz tempo. O outro de fato, concordo com Sartre, é o inferno. As academias estão cheias de estrelas que querem brilhar sozinhas, as igrejas estão cheias de hipócritas manipuladores, a política cheia de oportunistas e dissimulados. No entanto nunca fomos tão políticos e tão religiosos. Só nos faltaria canonizar algumas figuras emblemáticas. Contudo escrevo de uma tarde angustiante de agosto de um lugar qualquer para reclamar, como o homem que sai com a lanterna ao meio dia procurando o deus de Nietsche, onde ele está? Vocês o mataram: eu e vocês.
A grande sacada de Comte-Sponville, no seu célebre Bom dia Angústia, foi nos alertar que a morte não é simplesmente algo fora do comum, muito pelo contrário, ela faz parte de cada um de nós. Já começamos morrer no dia que nascemos. É uma realidade que está intrinsecamente conosco. Lembro que os alunos não gostam quando falamos em sala desse tema. É assustador imaginar que, com toda nossa complexidade, inteligência, arrogância, petulância, sejamos mortais. Penso que nos assusta imaginar que em um determinado momento não estaremos aqui.  Daí nosso interesse pelo assunto. Refletir isso é nos jogar no grande universo das questões humanas. Que cada um possa contruir seu presente a cada instante plantando suas sementes e podando suas árvores; sejamos semore construtores de pontes. Ousemos sempre pensar.