quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

“Considerando as Ciências das Religiões, como vocês situam a partir do texto [ Em busca de uma cultura epistemológica, de Luiz Felipe Pondé] o problema da visibilidade dos objetos de estudo, e aqui em especial, o objeto das Ciências das Religiões?”




            É importante estarmos cientes que não estamos entrando em um campo de estudos fácil, muito menos simplório. Falar em Ciências das Religiões é levantar problemáticas e dúvidas, é descobrir que esse campo de estudo é muito vasto e ainda se tem muito para descobrir, entender que para tal façanha precisamos de “ferramentas adequadas” para realizar com segurança e eficácia tal empreitada. Daí porque a pergunta não se satisfaz com uma resposta direta e simples.
            Em qualquer estudo acadêmico é importante que tenhamos um método próprio para fazer suas respectivas pesquisas. Daí o texto do Pondé nos convida “uma busca por uma cultura epistemológica, busca essa que começa, admitindo nossas limitações cognitivas, mas, levando-nos a perceber que tais limitações podem ser superadas pela prática te tal cultura, ele também nos provoca a ter o hábito de lidar com os clássicos, isso fará com que possamos criar uma grade epistemológica de trabalho ou mesmo um vocabulário legitimador das suas construções (desses clássicos) e trocas conceituais. Entendendo que o grande objeto de estudo das Ciências das Religiões são as religiões, se faz necessário todo esse arcabouço teórico para que, além de visibilidade, se tenha credibilidade ao adentrar nesse campo de pesquisa.
            Daí Marcelo Dascal nos ajuda propondo a teoria das “controvérsias em epistemologia”. Ela fará com que tenhamos elementos rigorosos em nossas pesquisas, colocando em “cheque” a validade ou a sustentabilidade daquilo que é proposto ou mesmo questionado. A questão não é falsear ou não o argumento ou a problemática, mas, chamar atenção para ela, dar-lhe visibilidade acadêmica, a controvérsia ilumina a natureza das diferenças.
            Em si a religião é sempre vista de dois ângulos. Um é o fenômeno que a envolve, são os arquétipos que fomentam toda sua constituição, é por assim dizer, o miolo, o núcleo interior, enquanto que a instituição, que é o outro ângulo, faz como que o “aparente”, o legal (no sentido de legalidade existencial), aquilo que diz que ela como tal pode se arvorar ao título de religião.
            Tomando Greschat (O que é Ciência da Religião? 2005, p 17) A palavra religião é como um labirinto. Perder-se-á nele quem não trouxer um fio condutor para se orientar. Reafirmando tudo que já foi dito, podemos crer que de fato, esse fio condutor é um conjunto de elementos epistemológicos que podem dar visibilidade e credibilidade as pesquisas em Ciências das Religiões. Eles são os pressupostos epistemológicos que serão utilizados como “ferramentas” para o trabalho acadêmico e elementos indispensáveis para que se olhe essa ciência como uma área do conhecimento e suas produções sejam vistas e aceitas como de fato produção científica.