segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O poder de Deus, a esperança do mundo.

Existe apenas uma coisa a ser feita, buscar a salvação e a compreensão da vontade do Pai.
Perderíamos começar assim uma reflexão sobre a escatologia cristã. A pura manifestação de Deus na história da humanidade pela presença vivificante de Cristo Jesus. Em toda existência da humanidade muitas foram às pessoas que passaram suas vidas procurando repostas ao vazio que existia dentro de si. S. Agostinho é o exemplo clássico dessa afirmação, uma busca que parece não ter fim, por algo que está dentro de nós.
Indo para algum lugar, buscando alguma coisa. Assim é o homem contemporâneo, um andarilho de si mesmo, que precisa de um sentido último para si. E quando esse sentido não é claro ele perde a esperança e cai. Na depressão, nas drogas, nos vícios, no nada absoluto. Por mais que queiram dizer que não, por mais que não se aceite ou mesmo duvide, esse sentido é Deus, essência de tudo e de todos. Quando nos vemos em uma sociedade niilista, onde os valores perderam o sentido, somos levados a muitas vezes perder a esperança e fraquejar. Se quisermos ser felizes em Deus, a primeira coisa a fazer é encher-nos do bem, conservar no coração a vida e as coisas boas, dir-nos-ia pe. Léo em seu livro Buscai as coisas do alto. É acima de tudo, cultivar um espírito de amor e de confiança, de resgate de valores que outrora eram os ditames da conduta humana e que hoje viraram peças de museu. O que o professor Giovanne Reale nos exorta: uma volta aos antigos, um resgate à ética e aos valores que os gregos tão bem nos legaram. Cultivar o ideal da virtude, do valor que cada ser humano possui, atentando para nossa questão mortal e limitada, que só é resolvida pela misericórdia de Deus. Mesmo muitas vezes o homem querendo assumir uma postura de auto-suficiência, ele acaba percebendo que precisa de Deus. Quando nos apegamos ao que não merece apego. Achamos que tudo é nosso e acreditamos que o que está a nossa volta depende da gente. Quando nos apegamos as coisas e as pessoas, a cargos, títulos, bens materiais, nossos objetivos se tornam pequenos demais. Limitados e acima de tudo, perenes.
Viver o tempo da Graça. É uma realidade interior que todos somos chamados a vivenciar. Levar conosco essa mensagem para o mundo, a toda criatura. Tendo como meta a Salvação; como missão, anunciar o Evangelho. Lembrando as palavras de S.João da Cruz, plantando o amor onde ele não existe, para colhê-lo mais tarde. É aí que reside à esperança para esse mundo: o amor de Deus, levado a todos os confins da terra por seus discípulos e esse amor dando frutos e abundância. Seja você também um “Anjo de Jesus” que se torna mensageiro de sua palavra.

Fantasias na tela (uma reflexão sobre cinema).

Quem de nós não gosta de sentar diante da tv e assistir um belo filme?
Provavelmente todos. Porque o cinema tem esse poder? Nos transportar para dentro da tela, fazer com assumamos papéis que não são nossos.
Muitos nos vemos dentro das histórias, protagonistas de uma fantasia real. Todas as vezes que “ré-assinto” Matrix, me pergunto pela realidade. Questiono o que é real e o que é pensamento. É um dos vários filmes inteligentes e que podem nos fazer pensar, me lembra o pensamento de Descartes: “a existência precede ao pensamento”, ou seja, pensar é a condição para nossa existência.
A magia das telas é fundamentada na vida. Histórias de injustiça, ou mesmo de pessoas que buscam alguma coisa, são perseguidos, perseguem... Matam, usam armas modernas, ou vivem aventuras cotidianas. Refletem um pouco os nossos desejos de liberdade e poder. Em O Clube do Imperador, percebemos a importância da cultura na formação de um indívíduo e como somos nós mesmos os responsáveis pela formação de nosso caráter.
Sociedades perfeitas, como em Equilíbriun, refletem o desejo do homem de controlar tudo e de ter um mundo perfeito, mesmo que às custas da morte ou exclusão de muitos. A serviço de quem está o cinema? Existe algo por trás das telas?
Pensar isso é levantar questões sobre a própria essência de tudo, é entender que temos uma vocação para liberdade e para o questionar, para desvendar o mudo que nos cerca, que é enigmático e paradigmático.
Quando imagino uma temática como a do filme A vida é bela, onde o amor de um pai por um filho o faz camuflar os horrores da Segunda Guerra Mundial, e o leva a sonhar e até brincar com aquela realidade, me faz pensar que ainda existem muitos que pensam nos outros e que fazem a diferença em nosso meio, mesmo contra as idéias de egoísmo e guerra de todos contra todos (diria Sartre), que não podemos mais contar com a solidariedade ou mesmo a bondade de ninguém.
Também existem os que levantam questões que parem bobas. Efeito Borboleta I e II, podemos mudar o nosso destino? O que passou está onde? As viagens no tempo são possíveis? São muitas as inquietações filosóficas que nos são provocadas por esses filmes, ou seja, o cinema tem várias funções.
Quem ao assistir Um Dia de Fúria, não se perguntou se realmente as tensões e os problemas do nosso dia-dia não podem causar uma crise de personalidade e uma mudança radical no comportamento, no caso do filme, o personagem principal, abandona o carro em uma alto estrada, em um congestionamento quilométrico, assalta uma loja de armas e sai atirando em todos que encontra na rua. É conhecida a frase que diz: A arte imita a vida.
No livro O que Sócrates Diria a Woody Alen – Cinema e Filosofia, Jean Antônio Rivera, analisa vários filmes do consagrado diretor numa ótica filosófica, mostrando como as questões propostas pelo cinema refletem desejos internos do homem, ou mesmo medos e fantasias.
Por isso lembre-se: quando estiver assistindo um filme, ele é bem mais do que aparenta. Tente olhá-lo com olhos críticos e saiba que, cada vez que “ré-assistimos” percebemos mais uma dimensão oculta.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ditos e não ditos.

Parei e comecei a refletir: o que realmente estou fazendo de minha vida? Quem são as pessoas à minha volta? Em quem realmente confiar?
Somos seres que nascemos para viver em comunidade, nascemos para vivermos com outros. No entanto percebo que as relações são muito frágeis, condicionadas a elementos externos. Mesmo ainda encontrando pessoas verdadeiras, mas essas estão em extinção. Cada um com sua própria “verdade” que condiciona a seus interesses pessoais. Como falar em ética nesses dias? Como falar em princípios cristãos? É realmente um exercício muito complicado esse.
Vivemos em um mundo extremamente materialista, onde o TER supera o SER. E o único ser que prevalece é: “Você sabe quem eu sou?”, ou mesmo “você sabe quem é meu padrinho?”, enfim, as relações se resumiram em “troca de favores”, em mera conveniência. Onde as pessoas se tornam pseudo-amigos, para sugar o que podem: material, afetivo, status, ou seja, viver o que aparenta ser e nada mais.
Isso é próprio de uma sociedade de consumo, onde é preciso estar no mercado para ser visto. É preciso bater palmas para quem não merece para ser reconhecido. Costumo dizer que vivemos um vazio existencial que nos faz apegar aquilo que acreditamos como sendo verdadeiramente o real e o exato. E sempre buscamos preenche-lo com algo material e perecível, logo quando o mesmo se deteriora voltamos a perecer, ou mesmo substituímos por outro objeto. Vejam que em nosso tempo nunca tivemos tantos usuários de substâncias alucinógenas, ou seja, uma pseudo-felicidade, um pseudo-prazer. É a tentativa de ser feliz e ter prazer. Nietzsche diria: erguemos altares ao nosso bel prazer, quando esse ídolo não me satisfaz, derrubo o altar e ergo outro e assim por diante, em um exercício de auto-suficiência e soberba.
Chego à conclusão que nada faz sentido, que tudo é mera representação, que somos seres egoístas e que cada um só pensa em si mesmo. “digam o que disserem o mal do século é a solidão e cada um de nós imerso em sua própria arrogância esperando um pouco de atenção”, diria Russo. Isso é o pensamento caótico que querem que adotemos como verdade absoluta e creiamos. Racionalmente paramos aí.
Um dos homens mais sensíveis do seu tempo foi Nietzsche. Foi capaz de necropiciar o ser humano como um todo e profundamente falar de nossa alma como algo previamente exposto e sem coberturas. Escandalizou quando criticou o deus da metafísica e não foi compreendido. Falou de nossa condição de seres destinados a putrefação (leitura minha) que mesmo diante disso, não conseguimos nos desapegar do que nos cerca. Ousou criticar o pensamento dominante e “fazer” uma filosofia única, nos mostramos que podemos fazer o mesmo hoje.
02 de setembro de 2010, 22h41min, estou tomando uma taça de Botticelli (tinto seco), ouvindo Vivaldi e escrevendo esse texto para dizer que é preciso mais que nunca filosofarmos sobre tudo. Principalmente sobre o existir; aí lembro São Francisco de Assis: “Senhor que queres que eu faça?”. É o exercício do Ser e do Vir-a-Ser, da reflexão sobre o que realmente é o Ser humano e suas potencialidades (física quântica). Queria citar também um monge beneditino alemão chamado Anselm Grun, que também tem me ajudado muito a refletir sobre as dimensões da vida. Seu pensamento nos leva a uma viajem em nosso interior e a meditação de nossas potencialidades. Colocando em cheque a visão fatalista e caótica da realidade em que estamos inseridos. E apontando para Jesus Cristo com modelo a ser seguido. Modelo esse que vai na contra-mão dessa “sociedade de consumo”. Que nos dá esperança de uma realidade melhor e feliz.
Simpatizo com as idéias de Márcia Tiburi quando fala em defesa da solidão. Acredito na solidão como espaço de criação. O que Domenico De Masi diria: Ócio criativo. A esse acrescentaria à solidão. E aí diria como Schopenhauer: somo tudo isso ao papel da arte. E aqui me refiro especificamente à música. Agora são 23h26min, continuo com o meu Botticelli e agora ouvindo Tchaikovsky. Isso tudo me motiva a escrever e a ter “delírios filosóficos”. A pensar e repensar tudo. Pena que não tenho uma cúpula de vidro acima de mim para contemplar as estrelas.
Somos cidadãos do mundo, somos arautos do prazer. Somos o pássaro que tem suas duas asas iguais e uníssonas: fé e razão (J. Paulo II) que nos guiam por caminhos inóspitos e misteriosos, que nos levam ao nosso próprio eu em busca de desvelar aquilo que está oculto: nossa própria existência.


Bayeux, 02 de setembro de 2010.