Existir é de
fato um grande desafio. Seja ele para nós mesmos, aceitar nossos limites,
reconhecer nossa finitude superar conflitos. Quando tomamos consciência do que
está a nossa volta acabamos experimentando um sentimento de alegria e ao mesmo
tempo angústia. Aquilo que Kierkegaard chamava de desespero humano. Um
sentimento de vazio onde tudo a nossa volta perde o sentido, onde nenhuma cor
tem brilho e as pessoas conversam a nossa volta e nada faz sentido; onde o
existir passa ser um pesar.
A grande
aventura humana é de fato o conhecer a si mesmo. Pondé com o seu pessimismo me
inspira a desesperança. A de fato
acreditar que não há um possível amanhã melhor e que, todos nós apenas
representamos papéis e fingimos acreditar em dias melhores. Onde no fundo, o
que cada um quer são o seu prazer e sua realização, lembro sua idéia do politicamente correto, que de fato eu
não sou. Mesmo não sendo tão radical quando Pondé. Contudo o meu
desencantamento é nítido: não acredito na gratuidade das coisas faz tempo. O
outro de fato, concordo com Sartre, é o inferno. As academias estão cheias de
estrelas que querem brilhar sozinhas, as igrejas estão cheias de hipócritas
manipuladores, a política cheia de oportunistas e dissimulados. No entanto
nunca fomos tão políticos e tão religiosos. Só nos faltaria canonizar algumas
figuras emblemáticas. Contudo escrevo de uma tarde angustiante de agosto de um
lugar qualquer para reclamar, como o homem que sai com a lanterna ao meio dia
procurando o deus de Nietsche, onde ele está? Vocês o mataram: eu e vocês.
A grande
sacada de Comte-Sponville, no seu
célebre Bom dia Angústia, foi nos
alertar que a morte não é simplesmente algo fora do comum, muito pelo
contrário, ela faz parte de cada um de nós. Já começamos morrer no dia que
nascemos. É uma realidade que está intrinsecamente conosco. Lembro que os
alunos não gostam quando falamos em sala desse tema. É assustador imaginar que,
com toda nossa complexidade, inteligência, arrogância, petulância, sejamos
mortais. Penso que nos assusta imaginar que em um determinado momento não
estaremos aqui. Daí nosso interesse pelo
assunto. Refletir isso é nos jogar no grande universo das questões humanas. Que cada um possa contruir seu presente a cada instante plantando suas sementes e podando suas árvores; sejamos semore construtores de pontes. Ousemos sempre pensar.